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19 novembro 2013

Orgia







Lendo as manchetes dessa manhã, o sangue escorria. 

Naquele jornal o povo só sofria. Sofria só o povo. 
Uns com a geladeira vazia, a barriga à espera de um ovo.
Outro com o olho esbugalhado e o terno bem arrumado
prometia um futuro que não se via. 
Dois perderam os filhos, outros os dentes.
Dignidade faltava à maioria.

Naquele jornal o sangue escorria.

Na contracapa, um assassino na idade de ser menino.
 Era hora do café, devia ter ficado em jejum.
Em outra página morria mais um.
Diante do sofrer alheio, eu ali com a alma ao meio.
Pesada, carregada já cedo, sem medo, sem ter o que perder,
 me perdi no meio dessa (des)humana orgia. Bom dia.
 

Lê Fernand's